terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Projeto sobre desenho universal em moradia começa a tramitar na ALMG

O poder público deverá levar em consideração o conceito de Desenho Universal na construção de moradias de interesse social. É o que dispõe o Projeto de Lei (PL) 2.499/11, da deputada Liza Prado (PSB), que teve parecer de 1º turno pela legalidade da Comissão de Constituição e Justiça da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, na manhã desta terça-feira (28/2/12). O relator, deputado Delvito Alves (PTB), apresentou o substitutivo nº 1, que adequa o projeto original aos limites da atuação do Poder Legislativo.

O projeto original dispõe sobre a criação de política estadual destinada à implantação do conceito de Desenho Universal na produção de habitação com interesse social que, entre outros, deve promover a sustentabilidade ambiental, a cidadania e a inclusão social. Desenho Universal é um conjunto de critérios, a serem observados na concepção arquitetônica de casas e apartamentos e espaços urbanísticos (sistemas de acesso, rampas, sinalizações, equipamentos), capazes de atender a maioria da população. Isso inclui pessoas com deficiências físico-motora, auditiva, visual e cognitivas, provisórias ou permanentes, e também aquelas com estrutura diferenciada, obesidade e mobilidade reduzida, como crianças, gestantes, idosos.

Conforme a autora do projeto, alguns critérios do Desenho Universal são a colocação de portas com 90cm de largura; cozinhas e banheiros com espaços adequados à movimentação de cadeiras de rodas; pontos de tomadas e interruptores instalados em alturas convenientes; e campainhas com sinais sonoros e luminosos.

A proposição original estabelece também que as unidades habitacionais destinadas a pessoas com deficiência ou a famílias com as quais vivem serão planejadas segundo as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas.

Além disso, o projeto dispõe que o Poder Executivo deverá criar programa específico por meio dos órgãos competentes e que as despesas decorrentes da aplicação da lei correrão por conta de dotações orçamentárias próprias.

Alteração em lei - O substitutivo nº 1 acrescenta dispositivo à Lei nº 18.315, de 2009, que estabelece diretrizes para a formulação da política estadual habitacional de interesse social (PEHIS). Desse modo, o artigo 2º passa a contar com o inciso X, que se refere à adoção do conceito de Desenho Universal.

A comissão também emitiu parecer pela legalidade de dois projetos que autorizam o Executivo a doar imóveis especificados e aprovou requerimentos que solicitam o envio de seis proposições que precisam da apreciação do Plenário a órgãos públicos, para pedidos de informação. Três projetos foram retirados de pauta, dentre eles o PL 2.745/11, do governador do Estado, em 1º turno, que cria carreiras de médico da área de Gestão e Atenção à Saúde, no âmbito da Secretaria de Saúde, e de médico perito, no âmbito da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão, entre outras providências.

FONTE: ALMG

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Tratamento Especial

O cartaz ao lado diz : "60.000 marcos é o que esta pessoa que sofre de defeitos hereditários custa para a comunidade durante sua vida. Caro cidadão alemão, esse dinheiro é seu também".

Esse cartaz, publicado em 1938, foi utilizado para divulgar a política de eugenia do regime nazista. Acreditava-se que doenças e outras condições de causas genéticas estariam provocando a degeneração da "raça nacional" e que o Estado deveria cuidar para que os maus genes não se espalhassem.

Inicialmente foi promovida a esterilização em massa de pessoas com deficiência e posteriormente o assassinato sumário ou como se dizia, o "tratamento especial" de todas as pessoas que viviam em instituições públicas, com os mais variados tipos de deficiências. As pessoas eram compulsoriamente retiradas de suas famílias sob a alegação de que estavam sendo levadas para locais onde receberiam toda a assistência e cuidados do Estado.

Esta política de "Eutanásia" obrigatória dizimou mais de 70.000 pessoas com deficiência incluindo crianças, entre 1939 e 1941, através de injeção letal e posteriormente, quando o custo da injeção cresceu muito, através de câmaras de gás. Abaixo, a foto de uma placa em homenagem às vítimas, que fica no local em Berlim onde na época ficava o centro de "tratamento".


As vidas das pessoas com deficiência várias vezes ao longo da história foram consideradas sem valor. Temos sempre que vigiar para que isso não se repita.
O cartaz ao lado diz : "60.000 marcos é o que esta pessoa que sofre de defeitos hereditários custa para a comunidade durante sua vida. Caro cidadão alemão, esse dinheiro é seu também".

Esse cartaz, publicado em 1938, foi utilizado para divulgar a política de eugenia do regime nazista. Acreditava-se que doenças e outras condições de causas genéticas estariam provocando a degeneração da "raça nacional" e que o Estado deveria cuidar para que os maus genes não se espalhassem.

Inicialmente foi promovida a esterilização em massa de pessoas com deficiência e posteriormente o assassinato sumário ou como se dizia, o "tratamento especial" de todas as pessoas que viviam em instituições públicas, com os mais variados tipos de deficiências. As pessoas eram compulsoriamente retiradas de suas famílias sob a alegação de que estavam sendo levadas para locais onde receberiam toda a assistência e cuidados do Estado.

Esta política de "Eutanásia" obrigatória dizimou mais de 70.000 pessoas com deficiência incluindo crianças, entre 1939 e 1941, através de injeção letal e posteriormente, quando o custo da injeção cresceu muito, através de câmaras de gás. Abaixo, a foto de uma placa em homenagem às vítimas, que fica no local em Berlim onde na época ficava o centro de "tratamento".


As vidas das pessoas com deficiência várias vezes ao longo da história foram consideradas sem valor. Temos sempre que vigiar para que isso não se repita.

domingo, 19 de fevereiro de 2012

CVI promove a inclusão social em Maringá

Promover a independência, a individualidade e a inclusão social da pessoa com deficiência são alguns dos objetivos do Centro de Vida Independente de Maringá (CVI), que atua em Maringá há 15 anos. O serviço prestado à comunidade, segundo a psicóloga da entidade, Luciana Alves, é de caráter informativo.
"Trabalhamos com assessoramento e garantia de direitos, mostrando que eles não precisam viver isolados, escondidos, mas podem ter uma vida normal, como uma pessoa qualquer, um cidadão."
O centro atende às pessoas com deficiência com palestras e orientações. "No ano passado, fizemos palestras em todos os Centros de Referência da Assistência Social de Maringá, para esclarecer à população como deve lidar com as pessoas com deficiência."

CONDIÇÃO


“A instituição é que deve
se adequar para receber a
pessoa com deficiência”

Luciana Alves
Psicóloga da CVI

A psicóloga explica que a função do CVI não é institucionalizar a questão da deficiência e sim incluir. "Se a pessoa com deficiência quiser fazer natação não precisa necessariamente procurar escolas específicas; a instituição é que deve se adequar para receber a pessoa com deficiência", exemplifica.

Para os funcionários e voluntários do CVI, todas as pessoas com deficiência têm direito de ter uma vida independente. "É o que chamamos de empoderamento. A pessoa pode ser dona da própria vida e lutar por seus direitos. A tendência da nossa sociedade é segregar e é isso que procuramos combater", diz a psicóloga.

Para a especialista, a principal dificuldade encontrada na defesa dos direitos da pessoa com deficiência é o preconceito. "A segregação vem do preconceito e o preconceito vem do medo. Infelizmente as pessoas têm medo do diferente e para não confrontarem fingem que não existe, preferem ser indiferentes", observa a psicóloga.

Ela acrescenta que em Maringá, 14% da população possui algum tipo de deficiência e este é um número significativo. "São muitas pessoas que não podem viver isoladas, devem estar envolvidas na sociedade."

Todos os anos, o CVI realiza um show de talentos, que normalmente acontece no teatro Calil Haddad. "Convidamos todas as entidades e instituições que desenvolvem trabalhos relacionados à cultura voltados para às pessoas com deficiência e fazemos uma apresentação aberta a toda população maringaense."

FONTE: O DIÁRIO

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Desenvolvimento de tecnologias e produtos de acessibilidade terão R$ 150 milhões até 2014

Finep já destinou R$ 30 milhões para setor desde 2004

FONTE: Central Pantaneira de notícias

A Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) aplicará R$ 150 milhões, até 2014, no financiamento da pesquisa e desenvolvimento de tecnologias voltadas à inclusão de pessoas com deficiência física ou intelectual. Desde 2004, foram investidos cerca de R$ 30 milhões no setor, que resultaram em produtos incorporados ao dia-a-dia, como uma cadeira de rodas mais leve e piso podotátil mais fácil de instalar.

Como agente financeiro do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), a Finep deverá destinar os recursos em linhas de crédito subsidiado, subvenção econômica ou a fundo perdido. A ação faz parte do programa “Viver Sem Limite”, que reúne ações de 15 ministérios. Os R$ 7,6 bilhões, previstos para o período de 2012 a 2014, serão destinados a projetos em acessibilidade (R$ 4 bilhões), educação (R$ 1,8 bilhão), saúde (R$ 1,5 bilhão), e inclusão social e mobilidade urbana (R$ 300 milhões). Além desses recursos, os investimentos em mobilidade urbana no âmbito da Copa (R$ 11,8 bilhões) e do Programa Mobilidade Grandes Cidades (R$ 18 bilhões) já preveem a necessidade de que os projetos arquitetônicos e veículos atendam aos critérios de acessibilidade.

Produtos - A criatividade da engenharia nacional na produção de inovações em tecnologia assistiva está comprovada numa série de produtos cujo desenvolvimento foi apoiado pela Finep. Além de oferecer soluções que poderão ser usadas por brasileiros e o setor público, há um mercado mundial crescente a ser explorado. A demanda por tecnologias assistivas se deve ao envelhecimento da população, especialmente em países do hemisfério norte.

Um fabricante carioca do setor náutico recebeu cerca de R$ 1 milhão do Programa de Subvenção Econômica para a criação de uma cadeira de rodas em fibra de carbono, mais leve e manobrável. As cadeiras de titânio ou alumínio, comuns no mercado, apresentam perfis tubulares que fazem, no máximo, curvas em um único sentido.

Piso tátil - A legislação brasileira de acessibilidade obriga a utilização de pisos táteis, para pessoas com deficiência visual, em locais públicos, como plataformas de trem e metrô. Com financiamento de R$ 800 mil da Finep, uma fábrica nacional desenvolveu uma alternativa de PVC e borracha para auxiliar o trajeto das pessoas com deficiência visual e idosos. O material polimérico é mais fácil de ser cortado ou dobrado e pode ser aplicado facilmente em reformas de ambientes internos.

Pessoas com deficiência têm R$ 70 milhões em crédito

Bens e serviços para auxiliar na acessibilidade para a pessoa com deficiência podem ser financiados por meio de uma linha de crédito de R$ 70 milhões do Banco do Brasil. Como os juros serão reduzidos a 0,64% ao mês, sem taxa de abertura, o Tesouro Nacional vai aportar até R$ 16,9 milhões para cobrir a diferença oferecida na facilitação do crédito, em até 60 meses. Os empréstimos do BB Crédito Acessibilidade poderão cobrir o valor total da compra feita por pessoas com renda de até dez salários mínimos, dentro do limite máximo de R$ 30 mil. A primeira prestação pode ser paga em até 59 dias.

Entre os itens financiáveis estão cadeiras de rodas, andadores e aparelhos auditivos. Veja lista completa aqui

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Câmara deve votar neste mês duas MPs que beneficiam pessoas com deficiência

Jornal da Câmara
Os equipamentos de tecnologia assistiva ampliam as habilidadesfuncionais de pessoas com deficiência.

Duas medidas provisórias que beneficiam pessoas com deficiência devemser votadas em Plenário nas próximas semanas. Uma delas é a MP 549/11,que reduz a zero as alíquotas do PIS/Pasep e da Cofins incidentessobre a importação e a receita da venda de produtos destinados apessoas com deficiência.
A medida tem o objetivo de reduzir o preço de equipamentos, comopróteses oculares, implantes cocleares (aparelho eletrônico quepermite que pessoas surdas escutem), lupas eletrônicas, acionadores depressão, digitalizadores de imagens (scanners) equipados comsintetizador de voz, calculadoras com sintetizador de voz, impressorase máquinas braile.
A outra MP é a 550/11, que cria uma linha de crédito para compra deprodutos de tecnologia assistiva destinados às pessoas comdeficiência. Os equipamentos com tecnologia assistiva contribuem paraproporcionar ou ampliar habilidades funcionais de pessoas comdeficiência, para que elas tenham uma vida mais independente. Terãoacesso ao benefício pessoas que ganham até 10 salários mínimos pormês.
Ouça a reportagem completa sobre o assunto na Rádio Câmara.
As duas MPs foram publicadas no Diário Oficial da União em novembropassado e fazem parte do Plano Nacional dos Direitos da Pessoa comDeficiência - Viver sem Limite, do governo federal. O plano prevêinvestimentos de até R$ 7,6 bilhões até 2014 em várias ações voltadaspara as pessoas com deficiência. As medidas provisórias passam atrancar a pauta do Plenário a partir de 12 de fevereiro.

Tecnologias fundamentais

O deputado Walter Tosta (PSD-MG), que é um dos coordenadores da FrenteParlamentar da Pessoa com Deficiência, disse que, apesar do prazoapertado, está confiante na aprovação das MPs. “Acreditamos quedevemos aprovar essas medidas o mais rápido possível. Já tivemosalgumas reuniões principalmente com os parlamentares, e temos umconsenso em relação a essas MPs. Não vejo nenhuma dificuldade. É umavanço muito grande porque são tecnologias fundamentais para pessoascom deficiência”, declarou
A representante do Instituto de Tecnologia Social, Irma Passoni,destacou a importância de se reduzir os preços dos produtos detecnologia assistiva, já que a maioria das pessoas que necessitamusá-los é de baixa renda. “São milhões de pessoas com deficiência. Namaioria das vezes não têm recursos para comprar esses equipamentos.Fizemos uma pesquisa que mostra que esses produtos são basicamenteimportados e com valores inacessíveis para a maioria das pessoas comdeficiência”.
A presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias, deputadaManuela D’Ávila (PCdoB-RS), acredita que as propostas serão aprovadasno retorno dos trabalhos legislativos. Ela afirmou que as MPs vãocontribuir para promover a igualdade. “Uma coisa é o discurso daigualdade e outra bastante distinta são os investimentos. E essaspropostas, na medida em que desoneram produtos e abrem linhas decrédito, são formas de investimento para que haja a igualdade real,para que as pessoas tenham as mesmas oportunidades”, disse.

Linha de crédito

O dinheiro para essa linha de crédito especial virá dos depósitos àvista recebidos pelos bancos. A União vai subvencionar o crédito pormeio da equalização de taxas de juros e outros encargos financeiros emoperações de crédito efetuadas por instituições financeiras públicasfederais que praticarem taxas de juros de 8% ao ano ao tomador final,para a aquisição de bens e serviços de tecnologia assistiva. Ametodologia e os limites da equalização anual serão definidosanualmente por portaria do Ministério da Fazenda, mas ficarãolimitados a R$ 25 milhões por ano.
Já com relação à MP 549/11, que permite a isenção de tributos, oMinistério da Fazenda informou que a previsão de renúncia de receitasaté 2013 será de aproximadamente R$ 350 milhões. Mas, segundo ogoverno, o impacto orçamentário será compensado com o aumento naarrecadação de tributos.
Saiba mais sobre a tramitação de MPs.

Íntegra da proposta:
MPV-549/2011
MPV-550/2011

Reportagem –
Jaciene Alves
Edição – Regina Céli Assumpção

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Fórum de Acessibilidade da RMBH será lançado em audiênciaA Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência da Assembleia Legislativa de MG

A Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência da Assembleia Legislativa de Minas Gerais realizará nesta quarta-feira (15/2/12) uma audiência pública para o lançamento do Fórum de Acessibilidade da Região Metropolitana de Belo Horizonte. O objetivo é debater a acessibilidade das pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida, para gerar ações que possibilitem o cumprimento das lei federais, estaduais e municipais que asseguram o direito à acessibilidade. O requerimento que originou a realização da audiência é de autoria do deputado Doutor Wilson Batista (PSD) e será às 10h30 no Teatro da Assembleia.

Estão convidados para o debate o fundador da Associação dos Deficientes de Contagem (ADC), Mauricio Alves Peçanha; o coordenador da Coordenadoria Especial de Apoio à Pessoa com Deficiência de Contagem, Marcelo Lino da Silva; a presidente do Centro de Vida Independente (CVI) de Belo Horizonte, Katia Ferraz; a presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência (CONPED), Maria Cristina Abreis Domingos; a coodenadora da Coordenadoria Especial de Apoio e Assistência à Pessoa com Deficiência (CAADE), Ana Lúcia Oliveira; o presidente da Associação dos Municípios de Minas Gerais (AMM), Angelo José Roncalli; o presidente da Associação dos Municípios da Região Metropolitana de Belo Horizonte, prefeito Rogério Avelar; e o presidente da União dos Paraplégicos de Vespasiano, Nízio Dias

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Manifestação Pública – Contra a flexibilização da “Lei de Cotas”

No dia 15 de Janeiro último, o jornal Folha de São Paulo, no caderno “Mercado”, página B4, publicou a matéria “STF poderá rever regras para deficientes”. Alguns dias depois, o mesmo jornal, em 23 de Janeiro, assinou o editorial “Barreira Burocrática”, caderno “Poder”, página A2, tratando do tema (textos originais em anexo).
Não é de hoje que parte mais atrasada do setor empresarial vem defendendo flexibilizações na chamada “Lei de Cotas” (Lei 8.213/91, posteriormente regulamentada), que reserva um percentual de 2% a 5% das vagas nas empresas com cem ou mais empregados a serem preenchidas por pessoas com deficiência e reabilitados (Lei em anexo).

O conteúdo da matéria e do editorial mencionados acima buscam dar respaldo para o processo de flexibilização da Lei, em sintonia com o discurso dessa parcela do empresariado. Assim sendo, nos parece de suma importância apresentar, de maneira pontual e objetiva, argumentos contrários a este movimento, oriundos da experiência prática de órgãos públicos, sindicatos, associações, ONGs, ativistas sociais, enfim, pessoas com e sem deficiência que atuam cotidianamente com esta questão.
Além disso, os argumentos por nós apresentados têm seu embasamento na legislação vigente e, principalmente, na Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, aprovada pela ONU em 2006, ratificada pelo Brasil em 2008 com o status de emenda constitucional e promulgada pelo Executivo Federal por meio do Decreto 6.949/09.
Os seguintes aspectos nos chamaram a atenção e provocaram questionamentos:


1. Embora a matéria fale explicitamente que “o Superior Tribunal Federal (STF) votará nos próximos meses uma ação que poderá instituir a flexibilização das regras para a contratação de deficientes pelas empresas” não há referências a uma única fonte do próprio Tribunal, nem maiores informações sobre o trâmite desta ação, como o Ministro Relator responsável.

2. Deve-se reafirmar que o papel primordial do STF, no sentido contrário, é defender a Constituição e o direito ao trabalho das pessoas com deficiência, grupo populacional historicamente discriminado. O acesso ao trabalho é direito constitucional previsto no Art. 27 da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência supracitada;


3. Explica-se na matéria que a ação é movida pelo grupo Pão de Açúcar, que teria sido autuado pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) por descumprimento da Lei. Segundo a matéria: “a empresa diz ter cumprido a lei e que foi multada porque só consideraram como deficientes aqueles com atestado do INSS”;

4. Pelo texto, se entende que o MPT considerou como pessoas habilitadas a fazer jus à Lei de Cotas só aqueles com certificado do INSS. Tal afirmação é imprecisa e não condiz com os procedimentos legais ou regimentais para comprovação das condições que definem aqueles que são considerados para fins de cumprimento da Lei. Vejamos:

De acordo com o Decreto Federal 3.298/99, art. 36, que disciplinou a “Lei de Cotas”, observa-se que as vagas reservadas a serem preenchidas se referem:

a) às pessoas portadoras de deficiência habilitadas ou
b) aos beneficiários da Previdência Social reabilitados
Para a identificação de tais pessoas, além do art. 4° deste Decreto (alterado pelo Decreto 5.296/04), os parágrafos 1° a 5° esclarecem que:
1º) considera-se pessoa com deficiência habilitada:

a) aquela que esteja capacitada para o exercício de uma função, ainda que não submetida ao processo de habilitação ou reabilitação; desta forma, a pessoa com deficiência não possui certificado de conclusão de processo de habilitação ou reabilitação profissional fornecido pelo Instituto Nacional do Seguro Social – INSS; Neste caso, comprova-se tal condição simplesmente por meio de laudo médico, que pode ser emitido por médico do trabalho da empresa ou qualquer outro médico.

b) aquela que esteja capacitada para o exercício de uma função submetida ao processo de habilitação ou reabilitação; desta forma, a pessoa com deficiência possui certificado de conclusão de processo de habilitação ou reabilitação profissional fornecido pelo Instituto Nacional do Seguro Social – INSS.

2º) considera-se pessoa reabilitada aquela submetida ao processo de reabilitação profissional e com certificado de reabilitação profissional fornecido pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS.

5. Em resumo, para a grande maioria dos casos as pessoas com deficiência que fazem jus às cotas comprovam a sua condição apenas com o laudo médico. Eventualmente, se passaram por processos de habilitação ou reabilitação profissional, as pessoas com deficiência terão o certificado fornecido pelo INSS. Mas este é somente exigido obrigatoriamente para o segundo grupo de pessoas beneficiado pela Lei: os reabilitados.

6. Talvez o verdadeiro argumento da ação do grupo Pão de Açúcar, em consonância com setores empresariais, esteja explícito no seguinte trecho da matéria: “a legislação também define os tipos de deficiência, excluindo as consideradas "mais leves" - diferenciação que as empresas consideram "inconstitucional";

7. É preciso deixar claro que os parâmetros que balizam as cotas – Decretos Federais 3.298/99 e 5.296/04 – não excluem “deficiências leves”. Eles apenas caracterizam aquelas condições nas quais, a partir de uma significativa limitação funcional, há desvantagens competitivas e dificuldades adicionais para o pleno acesso ao mercado de trabalho. Sem estes critérios, corre-se o risco de banalizar este instrumento de ação afirmativa;

8. O pior é que, na seqüência, a “inconstitucionalidade” acima mencionada é apresentada como responsável pela queda no número de ocupações formais exercidas por pessoas com deficiência, de 348 mil em 2007 para 306 mil em 2010 (fonte RAIS, Ministério do Trabalho Emprego).

9. O que não consta na matéria, mas é percebido claramente por aqueles que atuam nesta área, é a “preferência” de parte das empresas por pessoas com deficiências “mais leves”, dificultando o acesso, por exemplo, de cadeirantes ou pessoas cegas nos ambientes de trabalho; (ou seja, dupla discriminação, para pessoas com deficiências mais graves);

10. Além das “questões burocráticas” e dos “problemas da legislação”, a matéria abre espaço para outra queixa freqüente de parte do empresariado que não cumpre a Lei: “a falta de pessoas com deficiência e de mão-de-obra qualificada para o preenchimento das vagas”;

11. Embora se reconheça que há um histórico de exclusão escolar responsável por um passivo na formação das pessoas com deficiência, este processo está sendo claramente revertido. Dados do MEC apontam para o aumento no número de matrículas e crescente escolaridade das pessoas com deficiência. Existem também iniciativas – no chamado “Sistema S”, órgãos públicos e empresas privadas – no sentido de promover capacitação profissional e maior qualificação para este segmento (como também para o conjunto da população, cuja qualificação média também não é adequada).

O editorial “Barreira Burocrática”, mesmo que numa forma mais amena e cuidadosa, segue o mesmo estilo “conservador e pró-empresarial” da matéria, reproduzindo equívocos no sentido de respaldar o seu conteúdo e a intenção clara de flexibilizar a Lei.

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Realizada esta avaliação crítica do material jornalístico, concluímos este Manifesto com uma síntese das nossas posições sobre o tema:

a) É precipitado propor flexibilizar a “Lei de Cotas” sem que se conheça a fundo o universo das pessoas com deficiência e/ou limitação funcional a ser divulgado pelo IBGE nos resultados do Censo de 2010 (até o presente momento, se conhece apenas os dados agregados absolutos);
b) No mesmo sentido, é prematuro e perigoso falar em inclusão de “deficiências leves” nas cotas quando ainda está em curso um estudo demandado pela Secretaria Nacional dos Direitos das Pessoas com Deficiência (SNDP), vinculado à Secretaria Nacional de Direitos Humanos, junto ao IETS (Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade), com o objetivo de aperfeiçoar a classificação das deficiências;
c) A “Lei de Cotas”, da forma como está hoje, não é a panacéia para resolver a questão da inclusão das pessoas com deficiência no trabalho, mas pior seria sem ela. Não queremos depender eternamente deste instrumento, mas ele se mostrou necessário e ainda é imprescindível para consolidar a cultura de inclusão e valorização da diversidade nos ambientes de trabalho;
d) Reduzir o percentual das cotas, incluir novos grupos ou criar fundos de contribuição para não contratar trariam perdas para o já precário processo de inserção no mercado de trabalho, penalizando as pessoas com maior limitação funcional, justamente aquelas para as quais foi pensado este instrumento de ação afirmativa.
e) Qualquer discussão sobre mudanças na Lei deve passar pelo controle social de instâncias como o CONADE (Conselho Nacional dos Direitos das Pessoas com Deficiência), em sintonia fina com a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência.


As pessoas abaixo assinadas colocam-se à disposição para os esclarecimentos que se fizerem necessários e pedem a gentileza de divulgar este Manifesto:
Anahi Guedes de Mello, cientista social, é uma das fundadoras do Centro de Vida Independente de Florianópolis (CVI- Florianópolis)
Antonio Santos Pereira - Membro do CVI Bahia e do Perspectivas em Movimento - Inclusão Artístico e Cultural da Pessoa com Deficiência
Carlos Aparício Clemente – Vice Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco e Região e Coordenador do Espaço da Cidadania
Fernando Antonio Pires Montanari – Economista
Ida Célia Palermo - Consultora de Inclusão Social, Presidente do CVI Campinas
Izabel Maria Madeira de Loureiro Maior - médica fisiatra e docente da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro, integrante do Núcleo Interdisciplinar de Acessibilidade e Inclusão da UFRJ, especialista e consultora na área de políticas públicas de inclusão das pessoas com deficiência. Ex-Secretária nacional da Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República
Kátia Ferraz , Educadora Ambiental, Presidente do CVI-Belo Horizonte
Kátia Fonseca, Jornalista, ativista de Direitos Humanos, conselheiro-consultiva CVI- Campinas
Lilia Pinto Martins – Psicóloga clínica, com experiência profissional no campo da psicologia da reabilitação. Uma das fundadoras e atual presidente do CVI-Rio
Marcio Castro de Aguiar, Fisioterapeuta, Cego, ativista na defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência, fundador do CVI- Niterói
Marta Gil – socióloga, consultora na área da Deficiência e Coordenadora Executiva do Amankay Instituto de Estudos e Pesquisas
Melissa Bahia – Consultora na área de Empregabilidade para Pessoas com Deficiência
Roseli Bianco Piantoni – conselheira do CMPD/Campinas – Conselho Municipal dos Direitos das Pessoas com Deficiência; Conselho Local de Saúde do CRR e Vice Presidente do CVI Campinas
Silvia Pereira de Brito – assistente social, Mestre em Serviço Social pela PUC-SP
Vinicius Gaspar Garcia – economista e pesquisador, co-fundador do CVI- Campinas e diretor de relações institucionais do CVI- Brasil
Centro de Referência em Reabilitação – Prefeitura Municipal de Campinas
Centro de Vida Independente de Campinas (CVI- Campinas)
Conselho Nacional dos Centros de Vida Independente (CVI- Brasil
Centro de Vida Independente Araci Nallin
Flavia Maria de Paiva Vital – Analista de Gestão da Companhia de Engenharia de Tráfego de São Paulo, prestando servilos para Secreteria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência
Eduardo Soares Guimaraens – jornalista, especialista em redes sociais e membro do CVI Araci Nallin´

MP brasileiro ganha norma de acessibilidade

O Plenário do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) aprovou, nesta terça-feira, 31 de janeiro, resolução que regulamenta a adequação de edifícios e serviços do MP às normas de acessibilidade. Com a decisão, cada unidade do MP brasileiro deverá oferecer atendimento prioritário e tratamento diferenciado às pessoas com deficiência, além de idosos, gestantes e lactantes. A resolução é de autoria do conselheiro Luiz Moreira e foi aprovada por unanimidade, com pequenas alterações no texto original.
A nova resolução cria a Comissão Provisória de Acessibilidade no CNMP, cujo presidente, eleito por unanimidade, será o conselheiro Luiz Moreira. A comissão terá como objetivo traçar metas e fiscalizar o seu cumprimento, assim como adotar estratégias de articulação com entidades públicas e privadas para melhor atender às pessoas com deficiência.
A norma prevê ainda providências de inclusão, como o oferecimento de assentos preferenciais, mobiliário adequado e sinalização sonora. Além disso, todas as sedes deverão garantir pelo menos um dos acessos ao interior do edifício livre de barreiras ou obstáculos, além de banheiros e elevadores adaptados. A resolução estabelece prazos para os MPs se adequarem às exigências.

Assessoria de Comunicação

CNMP



(61) 3366-9124 ou 9134

Twitter: @conselho_oficial

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

A inclusão social como direito para todos

Acessibilidade ao lazer é um direito de todos. E a pedido do GLOBO-Tijuca, duas pessoas com deficiência* testaram uma trilha adaptada, que fica num dos cartões-postais mais famosos da cidade, a Floresta da Tijuca. Durante o desafio, a cadeirante Márcia Mury, economista, e a estudante e ex-siamesa Regina Garcia subiram a floresta com o objetivo de trilhar o Caminho Dom Pedro Augusto, surpreenderam-se e curtiram.
- É fundamental termos opções de lazer. Sempre que tento ir à praia, por exemplo, vira um tormento. Não há rampas de acesso. A trilha parece mesmo pensada para nós e é linda - diz Márcia.
Regina também aproveitou para desabafar sobre as dificuldades que encontra na infraestrutura da cidade.
- Não somos incluídos na rotina da maioria. Ando de ônibus, transito todos dias e percebo que estamos muito longe do conceito de democracia. Mas o jeito é seguir em frente - diz Regina.
Márcia perdeu os movimentos das pernas num acidente de carro em 1994. Ela lembra que, embora ainda sejam tímidas, as iniciativas de prezar pela inclusão social das pessoas com deficiência* são vistas como vitórias na luta pelo acesso adaptado.
- Como dizia Mário Quintana, "Deficiente é aquele que não consegue modificar sua vida, aceitando as imposições da sociedade". Cabe a nós não aceitarmos a condição do isolamento - diz ela.
Ambas concordam que, mesmo com os obstáculos do preconceito pelo caminho, é direito de todos transitar se necessário for.
- Ficar em casa não vai diminuir os problemas. Por isso, eu me esforço e mantenho vida social ativa. Todas as sextas vou num samba em Niterói - diz Regina, que, aos 3 anos, foi separada, por uma complicada cirurgia, da irmã siamesa, e precisou crescer sem uma perna.
Velocidade sobre rodas adaptadas
A trilha adaptada da Floresta da Tijuca foi testada e aprovada pela dupla, que descobriu que o espaço tem ótimo terreno para rolar a cadeira. Conta com cabo guia para deficientes visuais, placas em braile com os nomes das árvores, relevo em pedras para as pessoas com deficiência* saberem onde estão as plantas indicadas e a possibilidade de levar um cão guia. Depois da aventura, a diversão correu solta no Point Kart in Dor, no estacionamento do Extra Maracanã.
Regina e Márcia pilotaram por 20 minutos, cada uma, o carro adaptado para pessoas com deficiência*. Segundo Ivson Marques, dono do espaço, o veículo é o único disponível no Brasil que oferece a bateria de voltas por R$ 45.
- Estou com a adrenalina a mil por hora. Foi muito bom poder dominar a máquina, fazer curvas. Eu me senti livre em trocar a cadeira de rodas pelo carro de kart - diz Márcia.
Marques diz que a adaptação do aparelho sai a R$ 10 mil. Mesmo não tendo retorno financeiro esperado, ele acredita que o investimento é fundamental:
- Há três anos desenvolvi o kart, pensando num cliente cadeirante que vinha ver as corridas sem poder participar. Acredito que simples atitudes mudam vidas. Essa mudou a minha - diz ele.
A trilha adaptada pode ser visitada diariamente, das 8h às 17h. Há visitas guiadas. O telefone é 2492-2252. Já o kart (2268-586) funciona de terça-feira a domingo, a partir das 15h.

* - GRIFO NOSSO: o asterisco indica a substituição dos termos "deficientes" e "portadoras(es) de necessidades especiais pelo termo hoje correto PESSOAS COM DEFICIÊNCIA
FONTE: Agência Globo

São Paulo sedia evento internacional sobre deficiência

Está programado para o mês de fevereiro o Seminário Internacional sobre a Implementação do World Report on Disability, que marcará o lançamento do World Report on Disability (Relatório Mundial sobre Deficiência, em português), na cidade de São Paulo. O evento promoverá a discussão de assuntos relevantes para o desenvolvimento de estratégias de implementação do Relatório, dentre eles a habitação, a educação, o emprego, a saúde, ambientes acessíveis e facilitadores.
O objetivo do Seminário é identificar os desafios à implementação das práticas recomendadas pelo Relatório no sentido da promoção de oportunidades iguais para pessoas com e sem deficiência, conforme estabelece a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência da Organização das Nações Unidas (ONU).
Com este objetivo, o Seminário contará com a presença de representantes das instituições parceiras nacionais e internacionais tais como a Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência de São Paulo, Organização Mundial da Saúde, a Organização Pan-Americana da Saúde, o Banco Mundial, a Parceria Global para Deficiência e Desenvolvimento, a Sociedade Internacional de Medicina Física e Reabilitação, a Rede Latino-Americana de Organizações Não-Governamentais de Pessoas com Deficiência e suas Famílias, a Sociedade Brasileira de Medicina Física e Reabilitação e a Rede de Reabilitação Lucy Montoro.
Também estarão presentes diversos especialistas convidados, para que sejam apresentadas novas diretrizes de abrangência internacional, para o enfrentamento dos desafios que ainda impedem a garantia de igualdade de direitos para as pessoas com deficiência.
Serviço:
"Seminário Internacional sobre a Implementação do World Report on Disability"Data: 23 a 25 de fevereiroLocal: Renaissance Sao Paulo Hotel - Alameda Santos, 2233 - São Paulo Incrições: http://www.sedpcd.sp.gov.br/seminario-worldreportondisability/

FONTE: Terra da Diversidade